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Caso Melody: o que podemos aprender com a Anitta

Desde que a música passou a ser um negócio puramente digital, uma das coisas que mais se discutem são os direitos autorais de quem cria, produz ou compôe música.

Desde que a música passou a ser um negócio puramente digital, uma das coisas que mais se discutem são os direitos autorais de quem cria, produz ou compôe música. Não é para menos: a indústria tirou o protagonismo dos formatos físicos e, para vencer o combate à pirataria no fim dos anos 1990, descobriu uma nova forma onde os consumidores poderiam ouvir suas músicas preferidas, enquanto que ambas eram protegidas por novas regras: as plataformas digitais.

Caso Melody: o que podemos aprender com a Anitta

Foto: Reprodução | Instagram | @melodyoficial3

Com mais essa revolução no ecossistema do mercado fonográfico, novos dados de consumo passaram a ser apurados através destas plataformas, bem como a sutil observação diante dos direitos autorais. No final das contas, como um todo, a música no ambiente digital também encontrou um aliado tecnológico de peso: a inteligência artificial.

É justamente neste ponto em que o caso Melody x Anitta nos serve de exemplo: em tempos onde a música pode ser identificada através da inteligência artificial, identificando que obra pertence a essa ou aquela gravadora, bem como seus respectivos detentores, torna-se inviável a inserção de qualquer música de outrem, sem que haja uma prévia autorização e acordo entre as partes interessadas.

Quando a jovem cantora Melody anunciou o single Amor Fake com uma “colaboração” com a Anitta em suas redes sociais, sem qualquer pedido de autorização prévia da artista ou de sua equipe, ficou muito claro que a música seria derrubada. Mas não pela Anitta em questão, mas justamente por esse sistema que envolve algorítimos e inteligência artificial, que identificou alguns parâmetros necessários para que a faixa fosse bloqueada: voz da artista, melodia, imagem, etc.

Eu já estive com a cantora Anitta umas três vezes, onde em todas elas, pude entrevistá-la. Nesses momentos o que mais me impressionou foi seu conhecimento do mercado musical e como ele funciona, tanto no Brasil como internacionalmente. As perguntas que fiz a ela foram justamente pautadas em questões de mercado: ela sabia muito bem onde estava, porque estava e para onde iria.

Em abril de 2020, eu conversei com Sérgio Affonso, presidente da Warner Music Brasil, gravadora a qual Anitta tem contrato, e ele me disse o seguinte a respeito da popstar: “Anitta, pela obstinação, o foco que ela tem, é um caso que deverá ser estudado, porque, desde a primeira reunião que tive com ela, ela falou tudo o que ela queria e tudo o que ela queria, eu diria que 99% está acontecendo. Uma artista absolutamente focada, trabalha como poucas pessoas eu conheci na vida, então ela tem foco, obstinação, muita força de trabalho e inteligência”.

Quando a popstar se manifestou publicamente a respeito da música de Melody, que foi retirada dos meios digitais, ela explicou o básico, de que não adianta, sem o consentimento de outro artista, tentar emplacar quaisquer que seja a música: os direitos autorais devem ser respeitados. Muitas vezes, esse conhecimento foge do artista, portanto, é necessário que sua equipe ou corpo jurídico, tenha conhecimento abrangente sobre o assunto.

Por detalhes como esse é que se explica porque Anitta é expoente do pop brasileiro: ela tem conhecimento do ambiente profissional onde está, como funciona o mercado e como ele é gerido, a partir de  regras de direitos autorais e conexos estabelecidos internacionalmente.

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